Dans le Séminaire III consacré à l’étude des psychoses, Lacan dit de Schreber qu’il est certes un écrivain, mais pas un poète. Le délire de Schreber et, par extension, la psychose, sont essentiellement caractérisés par un manque de métaphore. Dans notre contribution, nous examinerons d’abord la littérature psychanalytique et psychiatrique concernant le diagnostic de la psychose de Schreber, puis nous analyserons la thèse de la forclusion du signifiant Nom-du-Père comme cause de la psychose. Pour comprendre la fonction métaphorique du signifiant, nous examinons ensuite la nature linguistique de la métaphore, sur la base des théories d’Aristote et de U. Eco. La métaphore est un instrument de connaissance cognitive et additive : par la métaphore, nous atteignons une nouvelle connaissance, et la métaphore apporte la connaissance en dessinant par le langage une nouvelle caractéristique du fonctionnement de la réalité. Une fois que la première métaphore, celle paternelle, est absente, c’est la métaphore comme fonction de connaissance additive qui manque. Par conséquent, aucune autre métaphore ne sera possible, puisque le sujet n’a pas rencontré la possibilité pour une nouvelle signification d’apparaître, celle-ci apportée par le travail du métaphorique. Nous proposons enfin quelques considérations conclusives sur le langage psychotique, ainsi qu’une nouvelle articulation entre métaphore, doute et certitude délirante.
- psychose
- métaphore
- D. P. Schreber
- J. Lacan
- U. Eco
A psicose e a metáfora
No Seminário III dedicado ao estudo da psicose, Lacan diz de Schreber que ele é de fato um escritor, mas não um poeta. A ilusão de Schreber e, por extensão, a psicose, são essencialmente caracterizadas por uma falta de metáfora. Nessa contribuição, primeiro examinaremos a literatura psicanalítica e psiquiátrica relativa ao diagnóstico da psicose de Schreber e depois analisaremos a tese da forclusão do significante Nome-do-pai como causa de psicose. Para entender a função metafórica do significante, examinamos então a natureza lingüística da metáfora, com base nas teorias de Aristóteles e U. Eco. A metáfora é um instrumento de conhecimento cognitivo e aditivo: através dela alcançamos novos conhecimentos, e a metáfora traz o conhecimento desenhando, pela linguagem, uma nova característica do funcionamento da realidade. Se a primeira metáfora, a paterna, está ausente, é a metáfora como função do conhecimento aditivo que fica faltando. Por conseguinte, nenhuma outra metáfora será possível, já que o sujeito não encontrou a possibilidade de um novo significado, trazido pelo trabalho da metáfora, aparecer. Finalmente, propomos algumas considerações finais sobre a linguagem psicótica, bem como uma nova articulação entre metáfora, dúvida e certeza delirante.
- psicose
- metáfora
- D. P. Schreber
- J. Lacan
- U. Eco